[Entrevista] Diogo de Souza

Eeeeeei minha gente, tudo certo com vocês?! *-*
Então, hoje eu trouxe uma entrevista super bacana com o autor de Nêmesis, Fuga de Rigel e Abascanto: Diogo de Souza
Eu achei a entrevista bem legal, adorei as respostas do Diogo. Todas muito completas e verdadeiras =)
Espero que vocês, assim como eu, gostem bastante viu! ;)
E gente, finalmente mais uma entrevista para o blog. A última foi com o Maurício Gomyde, autor de O mundo de vidro... Clique aqui para dar uma conferida na entrevista do Maurício! 




Pergunta: Vi pelo Skoob que você possui além de Nêmesis, outro livro publicado: Fuga de Rigel. Entre Nêmesis e ele, existe um que você considera o seu favorito?! Assim, em questão de história ou até mesmo no momento em que foi publicado.

Resposta: Puxa... não. Cada um dos meus livros me deu um prazer diferente. Não dá para colocar esses prazeres em uma balança, porque todos eles são especiais para mim.

“Fuga de Rigel” foi uma explosão, foi um tufão, uma paixão desenfreada. Quando comecei a escrevê-lo, não consegui largar mais. Era um vício, um êxtase. Foi rápido e fulminante, foi o marco que acndeu a chama para eu escrever os meus demais livros.

“Abascanto”, meu segundo livro, foi uma dança, foi um cortejo, uma caçada. Eu tive de descobrir esse livro em mim. Ele se escondia, depois aparecia, e brincava comigo sobre como é que seria escrito. Abascanto foi uma conquista, foi o prazer de desbravar um território novo.

“Nêmesis” foi uma escultura, foi uma jóia polida à exaustão. Nêmesis foi um processo de torno e entorno, de visão e revisão ininterruptos, crescentes. Nêmesis se descortinou para mim maior a cada vez que eu o lia. O prazer do Nêmesis foi um prazer extático, silencioso, imóvel.

Deu pra sentir como foram diferentes? Não há um que seja “O” livro (pelo menos, não até agora), mas cada um me foi valioso à sua própria maneira.


P: Desde pequeno você gostava de tudo que envolvia o mundo literário ou é uma paixão recente?! Sempre pensou em ser escritor? Em ter um livro publicado?!

R: Desde pequeno eu leio. A leitura apareceu para mim bem cedo, e desde o começo era apaixonante. A primeira série que eu li, e meu primeiro livro “sério” mesmo foi “As brumas de Avalon”, de Marion Zimmer Bradley. Lembro direitinho do impacto que esse livro teve em mim. Um mundo novo se abriu, e depois do Brumas eu não parei mais de ler.

Resolvi escrever meu primeiro livro aos 17 anos. Era uma ficção científica. Uma história até que interessante, mas a minha técnica na época não ajudava muito. Nunca publiquei. Nem pretendo, porque é ruim de doer.

Resolvi escrever para publicar pela primeira vez em 2005. Um amigo meu me perguntou porque é que eu não escrevia um livro (ele já havia lido outras coisas minhas), e a idéia ficou comigo, cresceu até eu não conseguir dar mais conta dela, e minha única opção foi colocá-la no papel. Esse foi o “Fuga de Rigel”.

P: Quando você escreve leva em consideração todos os comentários possíveis gerados pelas pessoas que lerão seus livros ou escreve aquilo que quer e aquilo que gosta, sem ligar muito para as críticas existentes? 

R: Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.

Em primeiro: comentários possíveis eu não levo em conta mesmo. Posso, isso sim, levar em conta os comentários que já recebi, mas não fico pensando o que é que as pessoas vão dizer, porque geralmente a gente nunca sabe AO CERTO o que é que vão dizer sobre nada.

Acho que críticas existem para serem consideradas e avaliadas sob um prisma de isenção. Isso não quer dizer aceitar tudo o que se houve, e nem aceitar nada, mas avaliar, pesar, comparar, sentir se o que está sendo dito tem cabimento.

Sou do ponto de vista que quando uma pessoa critica algo, ela está falando muito mais sobre ela mesma do que sobre o algo criticado. Afinal, foi ela quem escolheu as palavras, foi ela quem teve a necessidade de criticar, e a crítica certamente passou antes por um filtro pessoal daquele indivíduo. Então, ao receber uma crítica, sempre procuro ver quem está criticando da mesma forma em que peso a crítica em si.

Por outro lado, a não ser que a pessoa seja completamente louca, ela vai embasar a sua crítica em algum aspecto real. Há que se levar em conta isso também. Especialmente se a mesma crítica veio de várias fontes diferentes e desconexas: isso é um sinal forte de que há um ponto de atenção aí.

Qualquer pessoa que se digne a seguir uma arte tem que ter a postura mental de tentar, ao máximo, se aprimorar na arte escolhida. Como é que você vai se aprimorar na arte da escrita se não leva em conta as impressões do seu público alvo? Críticas devem ser ouvidas, devem ser analisadas, e devem ser usadas no sentido do aperfeiçoamento da nossa técnica.

O negativo é usar as críticas no sentido de determinar o que nós somos ou em que direção devemos seguir. Ninguém tem o direito de dizer como outra pessoa tem de fazer as coisas. Pode-se, no máximo, dar uma sugestão, mostrar possibilidades, mas dizer: “Faça isso”, “Faça aquilo”, ou até mesmo: “Esqueça essa vida”, isso é contraprodutivo em nosso ramo de atividade.


P: Da onde tirou inspiração e criatividade para escrever Nêmesis? Foi algo que surgiu naturalmente ou vendo/lendo algo teve a brilhante ideia de criar o livro e começou a escrever?! 

R: Escrever “Nêmesis” era um desejo antigo. O cenário de Nêmesis é um que eu desenvolvi para um jogo de RPG tempos atrás, e queria dar a essa criação uma abrangência um pouco maior: compartilhar com quem quiser ler o mundo mágico que acabei criando.

Nêmesis estava em uma fila de idéias que eu quero colocar em livro, e depois que eu terminei o “Abascanto”, havia chegado vez dele.

Eu gosto muito de cenários de magia moderna (ou qualquer cenário com uma forte componente mágica), gosto de livros que colocam o leitor para ver o mundo de uma forma mais ampla, mais misteriosa. Nêmesis é a minha tentativa (a primeira, pelo menos) de criar uma história envolvente com um cenário apaixonante. Se eu consegui, ou não, os leitores hão de dizer.


P: Você se identifica/gosta mais de qual personagem de Nêmesis? Porque? E em Fuga de Rigel?

R: Eu não me identifico com nenhum, mas gosto, sobretudo, da Ariel Waite. Especialmente por causa de uma coisa que acontece com ela que, se eu disser, estrago tudo... Mas posso dizer que ela é uma personagem intensa, conflitante e exuberante. Passada a metade do livro, quando eu comecei a escrever essa coisa que eu não posso dizer o que é, eu percebi que, na verdade, o livro está é contando a história dela. Ela é a minha protagonista secreta.

Em Fuga de Rigel, meu primeiro romance, eu tenho muito pouca identificação com os personagens. Se tivesse que eleger um para dizer que “gosto mais”, seria o Lúcio, porque é o único normal no meio dos paranormais, e porque é o único cara decente na história toda (tirando as crianças).

P: Quais são os escritores que você admira e que servem como referência?

R: Eu nunca me canso de citar esses caras...
 
George R. R. Martin: Recentemente alçou os degraus da fama estratosférica com sua série “Canção de fogo e gelo”, que foi adaptada à televisão pela HBO com o nome “Game of Thrones”. É uma fama merecida, na minha opinião. Os livros dele causaram profundo impacto em mim. Esse cara é O cara. Ele realmente tem as manhas. Ele criou uma história com dezenas de protagonistas. Vejam: DEZENAS (tentem fazer isso em casa, vejam como fica...). E eu gosto de TODOS. Ta aí uma pessoa que sabe contar uma história. Só espero que ele não pise no tomate no final.





Clarice Lispector: Qualquer um que queira escrever deveria devorar Clarice Lispector com farinha. E qualquer um que queira saber o que é boa literatura também. Clarice é visceral, ela é intensa, é completa. Seus livros mergulham fundo nos personagens até eles ficarem completamente expostos. Ela não poupa nada, e nos apresenta o mundo emocional em todas as suas nuances: boas e más. Clarice é realmente uma mestra da literatura, e todos nos beneficiamos ao lê-la.
 


Ursula K. Le Guin: Uma escritora norte americana, ganhadora de diversos prêmios, de quem eu sou fã de carteirinha. Ela tem uma conhecida série de fantasia que é o ciclo de “Terramar”, e livros de ficção científica (especialmente “A mão esquerda da escuridão”) que são absolutamente cativantes. Ela consegue mesclar uma narrativa suave, simples, e ao mesmo tempo profunda, intensa. Eu nunca me canso de ler a Ursula.


P: Para você, qual é a parte mais difícil de escrever um livro? 

R: O começo, quando eu estou escrevendo o roteiro do livro, definindo personagens, motivações, acontecimentos. Tudo tem que se encaixar perfeitamente. Todos os movimentos tem que ter um motivo. A trama precisa ficar absolutamente amarrada, e sem perder de vista o sentimento original, o motivo pelo qual eu quero escrever.

É árduo, vou dizer. Demora, mas ao mesmo tempo, é apaixonante. É a parte mais difícil, e a mais deliciosa!


P: Acha que a literatura influenciou em sua personalidade, em sua vida e em todo seu aprendizado? Caso a resposta seja sim, de que maneira isso aconteceu?! Quais mudanças ocorreram em suas atitudes e até mesmo em seu jeito de encarar a vida?

R: Eu acho que só pode ter influenciado, mas não saberia dizer uma coisa, em específico, que mudou em mim por causa de algo que eu li. Eu leio há tanto tempo que formei minha personalidade junto com os livros que lia, então foi um processo gradual.

Em termos de conduta, creio que o livro que mais me interessou até hoje foi o Tao Te King. Não sou taoísta no sentido estrito da palavra, mas acho que tanto quanto um livro pode chegar perto de uma verdade total, o Tao Te King chegou. Tenho grande simpatia pelo caminho proposto por Lao Tse – a não ação e a comunhão pacífica, e vira e mexe leio o Tao Te King de novo, revejo alguns conceitos, e reflito sobre outros. É uma leitura que sempre se renova.


P: Possui alguma dica ou algo que queira dizer para os futuros escritores e para os leitores do blog? 

R: Futuros escritores: perseverem. Como disse Joe Konrath: “Existe um nome para os escritores que nunca desistem: Publicados”. Se esforcem por manter sempre em mente aquele sentimento inicial, aquela emoção que primeiro os estimulou a escrever um livro. Se essa chama não se apagar, todo o resto pode ser suportado. É preciso escrever pelo prazer de ver o seu livro pronto, e não por qualquer outro motivo. Há outros prazeres no trabalho de um escritor (ser publicado, ser lido, ser vendido), mas se não houver esse ânimo no trabalho em si, todo o resto será vazio. É ele que lhe dará força para perseverar, porque existia no início, e vai lhe acompanhar até o fim.

É preciso sempre estar aberto a novas formas de aprimorar sua arte. Tenha em mente que é possível aprender com tudo. Um escritor precisa ser um observador nato, e um leitor incontrolável. Leia tudo, analise o que é lido, observe as pessoas e fatos a seu redor. Tudo isso, na hora de escrever, vai se juntar em seu cérebro e vai se compor para lhe fornecer um resultado, muitas vezes, impressionante.

Boas leituras, bons escritos, e abraços,

Diogo de Souza.

BATE-BOLA:

Nome completo: Diogo de Souza Feijó
Data de nascimento: Posso não dizer?
Filme favorito: Inception.
Livro favorito:  O Tao Te King
Hobby: RPG
Ator favorito: Al Paccino
Atriz favorita: Audrey Hepburn
Banda favorita:  Empate: Scorpions e Coldplay
Cor favorita:  Azul
Comida favorita:  Camarão à paulista

Bom gente, é isso aí! 
Espero que gostem e deixem muitos comentários fofinhos :B
Beijo beijo.
E Diogo, pode deixar que vamos ignorar a data de nascimento, huahhaua =)
Alguém mais ficou com vontade de ler Game of thrones só pela descrição que ele fez sobre o autor? Porque eu fiquei com uma vontade imensa!