Começo dizendo que poderia ser a sua família. No entanto, não é. Mesmo assim, coincidências podem sim ser encontradas. A história desse livro tem como personagem principal um homem chamado Pat Peoples, que depois de muitos anos dentro da unidade de saúde mental, apelidado por ele de “lugar ruim”, finalmente volta para casa. Vários anos sem ver a família, sem saber o que se passou no mundo e dentro do próprio lar. Aliás, para o próprio Pat, pareceu somente um curto período de tempo, trazendo à tona a questão de como o tempo é complexo. Para alguns, o tempo passa rápido, para outros, devagar. Ou então, é simplesmente constante. Vai se arrastando e só.
Como se já não fosse suficiente o fato de estar distante de tudo, ele possui lembranças de um amor do passado. Através dessas memórias guardadas em sua mente, e quase de uma fixação pela sua ex chamada Nikki, Pat faz de tudo para se tornar um homem melhor, sem se lembrar das reais razões de terem terminado. Por causa de um problema entre eles, Pat foi parar no “lugar ruim”, encheram-no de remédios e ele acreditava que ninguém o entendia por completo.
“Estou tentando ser gentil em vez de ter razão”
Ao lado dele estavam presentes família e amigos. Uma mãe protetora e chorona, porém feliz, capaz de tudo pelos seus queridos e amados filhos, além de responsável por cuidar da casa e atender às necessidades de seu marido. Algumas vezes, a gente cansa de fazer tudo pelos outros e não ser valorizada, certo? Bom, com a mãe do Pat não foi diferente.
O pai é completamente viciado em esportes, principalmente futebol americano, tendo como time favorito o Philadelphia Eagles. Ele é extremamente supersticioso com relação aos jogos. Por exemplo, quando o time ganhava, e alguma coisa marcasse o momento, no próximo jogo deveria estar tudo daquela mesma forma. E também, as vitórias e derrotas influenciavam no humor dele, trazendo muitas vezes conflito para dentro de casa e não dando o devido valor a sua esposa e aos filhos. Era uma relação difícil e a situação do Pat só fazia tudo ficar ainda mais perdido.
Temos também o irmão, igualmente torcedor do Eagles e com a vida feita. Um amigo cujo nome é Ronnie e simplesmente tem a vida comandada pela mulher. Outro amigo, cujo nome é Danny e fez amizade com o Pat dentro da unidade de saúde mental.
Finalmente, Pat é levado para casa com a autorização da mãe e dos médicos do “lugar ruim”. Ele é recebido com o silêncio do pai. Silêncio este que o incomoda e o faz sentir falta da relação de antes. A mãe, o irmão e outras pessoas que ele chegou a conhecer antes de ser colocado onde não queria o recebem calorosamente e cheios de saudade. Com isso, ele consegue, aos poucos, adequar-se à “nova vida”, mesmo se sentindo distante muitas vezes e se perguntando sempre que possível o que tinha perdido ou se eram alucinações de sua cabeça, devido aos remédios prescritos pelo seu novo terapeuta, Sr. Cliff, que é amigo e também torcedor do Eagles. Para Pat, ele é um profissional legal e diferente dos funcionários do lugar ruim. Afinal, diferente dos outros, Cliff conseguia ver o lado bom da vida, na opinião de Pat.
E por falar em lado bom da vida, devo citar algo extremamente interessante no conteúdo do livro – o autor, Matthew Quick – mencionou diversos livros durante algumas páginas, todos com conteúdos um tanto quanto negativos e completamente deprimentes. Livros estes, passados para alunos lerem, e Pat simplesmente não consegue entender qual o objetivo da leitura de um livro assim. Afinal, não era mostrado o lado bom da vida e isso ele não consegue aceitar. Mais tarde, ele descobre um novo ponto de vista sobre o assunto. O qual eu amei e achei realmente inteligente colocar esse tipo de reflexão.
É necessário comentar que Pat procurou por Cliff por recomendação da mãe e também por vez ou outra, explodir. Assim como Tiffany, uma mulher considerada “instável” e “louca”, por ir à um terapeuta e muitas vezes dizer o que pensa. Pat quando ouve Ronnie, seu amigo, comentar sobre a moça, sente-se ofendido: ele se coloca no lugar dela e ao mesmo tempo, sabe que de certa forma, passa por uma situação parecida. Então acha injusto e que não estavam analisando a Tiffany por inteiro e sim parte dela. E é o que a maioria das pessoas fazem... Julgam sem conhecer!!!!
“... Expondo aquilo que ele chamaria de “fatos”, sem se importar com o que estava acontecendo na cabeça de Tiffany...”
Juntos, os dois correm praticamente todos os dias. Pat deseja emagrecer e ser melhor para a Nikki. Enquanto Tiffany deseja estudá-lo, para mais tarde fazer determinado convite. Uma frase do livro, que gostei muito e acho que define os dois é a seguinte:
“Você já teve a sensação de estar vivendo em um barril de pólvora e soltando faíscas?”
Provavelmente, define também muita gente por aí. Ainda mais hoje em dia, que a calma quase não está presente e a gente quer tudo depressa. A obra mostra que certas vezes, é necessário pensar, murmurar algo antes de agir. O típico contar até dez, sabe? Obviamente, é complicado se lembrar disso em alguns momentos de estresse. Mas, à partir do momento que você aplica isso sempre, passa a se tornar um hábito. Confio plenamente nisso.
Outra questão abordada pelo livro, que é muito importante para esses momentos de raiva ou loucura, é a expressão, seja através da arte ou de algo que você goste muito de fazer e se desligue completamente do mundo. Somos humanos, precisamos de um momento nosso. De um tempo para a gente.
Sabe, eu resumiria o livro em uma única palavra: cotidiano. O que você faz para melhorar o seu cotidiano? O que você vê de bom no seu cotidiano? Quantas pessoas fariam realmente falta no seu cotidiano? Com quem você formaria o “nosso” cotidiano e continuaria feliz?
“... Eu gosto mesmo de ser o sol, que é exatamente o que permite que as nuvens tenham um contorno luminoso, o que prova que todas as coisas têm um lado bom”.
Sim, eu gostei do livro, mesmo não tendo se tornado um dos meus favoritos. Ele é perfeito para você que está a fim de ler alguma coisa mas não sabe ao certo o que, então entra num compromisso sem compromisso com o livro “O lado bom da vida” e se perde num mar simples e ao mesmo tempo profundo de reflexões básicas capazes de tornarem o seu cotidiano melhor. Além disso, os capítulos são curtos e a narração extremamente direta. Um livro leve e gostoso, apaixonante e de certa forma, encantador. Com cenas engraçadas e uma Tifanny sem medo de ser Tifany e um Pat que se encontra através das pessoas que ama. Recomendo, sim!
“Se, no último mês, ela estava chorando com o corpo enquanto ensaiávamos no estúdio, hoje à noite ela está aos prantos com o corpo, e a pessoa teria que ser feita de pedra para não sentir o que ela está oferecendo”.
Vocês devem saber, mas... O lado bom da vida também tem um filme. Estrelado pela diva da Jennifer Lawrence e o lindo, maravilhoso Bradley Cooper. Deixarei o trailer para vocês e um breve comentário, já que também assisti ao filme (vi faz um tempinho, então não lembro muito claramente de tudo).
O filme atende sim às expectativas de quem leu o livro. Pelo menos achei completamente aceitável. Na verdade, eu comecei e estava completamente perfeito (exceto pela relação do Pat e o pai, que estava mais amena e menos hostil). Porém, quem lê, e quem frequenta alguns blogs de livros e filmes, sabe o quanto o livro em si é mais completo. E com O lado bom da vida não é diferente. Você conhece mais os personagens (principalmente o Sr. Cliff) e também certas cenas foram tiradas. Umas que eu achei bem maneiras, como o pessoal indiano jogando kubb. De qualquer forma, se você assistir ao filme ou ler o livro, dá para ficar satisfeito com o trabalho sim. Apesar de que recomendo muito mais o livro... Refleti muito mais! Enquanto assistindo o filme pensei mais no lado do romance, como por exemplo: o amor surgir da onde a gente menos espera e também de forma inesperada, hahahahaha. Mas vai de cada um, claro!
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